NEPCED realiza II Simpósio Nacional sobre Cultura Escrita Digital
Evento ocorreu nos últimos dias 15 e 16 de forma online
Acontece • Quarta-feira, 23 de Junho de 2021, 19:55:00
Nos últimos dias 15 e 16 de junho, ocorreu o II Simpósio Nacional sobre Cultura Escrita Digital (SINDED), evento organizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Cultura Escrita Digital (NEPCED). O SINCED teve em sua segunda edição atividades online, devido à pandemia da covid-19.
Nos dois dias de evento, houve conferências, mesas de discussão e sessões de comunicação. Também houve um workshop de inovação e produções artísticas.
Dia 15
O evento foi aberto com uma mesa na qual estavam presentes Mônica Araújo, coordenadora do NEPCED, Gilcinei Carvalho, diretor do Ceale, e Wagner Auarek, vice-diretor da Faculdade de Educação da UFMG. A mesa destacou o esforço do NEPCED em promover um evento online e reforçou a importância da promoção de eventos científicos e da produção científica para o país.
Da esquerda para a direita: Mônica Araújo, Gilcinei Carvalho e Wagner Auarek
Na sequência, houve a conferência de abertura com a professora Rita Britto, do Instituto Superior de Educação e Ciências, de Lisboa, Portugal. Rita discutiu em sua apresentação sobre os conceitos de literacia e literacia digital, refletindo sobre a evolução da conceituação, e depois apresentou dados de sua pesquisa sobre o acesso e o uso de tecnologias digitais por crianças. A professora portuguesa discutiu a partir dos dados sobre algumas questões, como o papel dos familiares na mediação desse uso pelas crianças, destacando alguns dos “estilos” de mediação que observou a partir da pesquisa.
Após a conferência da professora Rita, ocorreu a mesa “O Letramento Digital e as Redes Sociais: Habilidades Necessárias para a Leitura e a Escrita”, com a participação das professores Ana Elisa Ribeiro, do CEFET-MG, e Rosa Maria Vicari, da UFRGS, e do professor Douglas Calixto, da USP.
Da esquerda para a direita: Rita Britto e Isabel Frade
A professora Ana Elisa trouxe para a mesa reflexões a partir de uma abordagem linguística, para pensar como as pessoas se apropriam das tecnologias, tanto nas atividades de leitura quanto de escrita, focando nas redes sociais. Para compreender mais essas produções e interações, Ana Elisa partiu de critérios de leitura, como origens, fontes, confiabilidade e legitimidade de uma informação, e critérios de escrita, como modos de escrever na internet (“internetês”), multimodalidade e éticas e estéticas que a escrita mobiliza nesses ambientes.
Já a professora Rosa Maria discutiu sobre as habilidades das crianças no uso de dispositivos digitais e sobre o impacto da tecnologia na alfabetização em países ricos e países pobres, a partir de dados de pesquisas. Ela também refletiu sobre questões éticas e de segurança na internet, destacando o uso da Inteligência Artificial (IA) na educação.
Da esquerda para a direita: Mônica Araújo, Ana Elisa Ribeiro, Rosa Vicari e Douglas Calixto
Por fim, o professor Douglas apresentou informações e reflexões sobre a cultura dos memes na internet, tema de sua pesquisa de mestrado. Douglas elencou alguns dos elementos que caracterizam o meme, como a intertextualidade, a estética amadora e o aspecto de “zoeira” e discutiu sobre os memes enquanto “forma de sociabilidades e formas de representação dos estudantes”. Ele explica que há uma cibercultura dos memes e que essas produções estão inseridas em contextos que não devem ser desconsiderados.
Na parte da tarde ocorrem as sessões de comunicação do dia.
Dia 16
O segundo dia de evento começou com a mesa “Práticas de Letramento com Tecnologias Emergentes na Educação Básica”, que contou com a participação das professoras Vanessa Cristiane Rodrigues Bohn, consultora em Tecnologia Educacional e Fundadora do i9prof, e Cristiane Acácio Rosa, da Prefeitura Municipal de Osasco (SP), e do professor José Ribamar Lopes Batista Júnior, do CTF/UFPI.
Da esquerda para a direita: Ribamar Batista, Carlos de Oliveira, Cristiane Rosa e Vanessa Bohn
Vanessa discutiu sobre as mudanças que as professoras e professores precisaram enfrentar com a pandemia, tendo que aprender rapidamente a usar recursos digitais e tecnologias antes não utilizadas comumente em sala de aula. Para ela, a pandemia revelou que a ideia de que o professor é resistente às tecnologias não é real, pois viu uma intensa procura dos educadores por conteúdos que os auxiliassem no aprendizado dos recursos digitais.
A professora Cristiane trouxe outras reflexões sobre a interação dos professores e dos alunos com as tecnologias e os recursos digitais por conta da pandemia. Ela percebeu que há uma grande falta de conhecimento base sobre o digital. Para ela, o imediatismo imposto aos professores para que estejam sempre atualizados nas tecnologias não é positivo e acredita que é fundamental lidar com o básico. A professora da prefeitura de Osasco mostrou dados que evidenciam que a maioria dos alunos só têm acesso a celular para estudarem.
Em sua apresentação, o professor José Ribamar detalhou o desenvolvimento dos projetos do Laboratório de Leitura e Produção Textual do Colégio Técnico de Floriano (CTF/UFPI), que busca colocar o aluno na posição de protagonismo em todas as etapas das atividades que realizam. Ribamar apresentou alguns dos projetos realizados na pandemia, como a produção crítica de selfies pelos alunos, com produção textual a partir dessas selfies. Os alunos realizaram outras atividades recentemente como análises de produtos audiovisuais, produção de campanhas de combate a preconceitos e produção de uma revista, entre outras várias atividades.
Na sequência, Roberta Gerling Moro, artista visual e integrante do NEPCED, apresentou uma obra sua audiovisual poética sobre imersão digital.
Da esquerda para a direita: Roberta Moro e Mônica Araújo
Por fim, na parte da manhã, ocorreu Workshop sobre o uso de QR Codes em práticas pedagógicas com o professor Fabiano Araújo. QR Codes são códigos de barras que podem ser escaneados por câmeras de celular.
Da esquerda para a direita: Fabiano Araújo e Darsoni Caligiorne
À tarde, ocorreu a segunda etapa de sessões de comunicação e na sequência houve a conferência de encerramento com o professor Daniel Cassany, da Universitat Pompeu Fabra, de Barcelona, Espanha.
Da esquerda para a direita: Daniel Cassany e Mônica Araújo
Daniel discutiu sobre “letrismo digital” a partir da cultura dos fandoms na internet. O professor demonstrou, a partir de três exemplos de fandom, como jovens aprendem línguas de forma informal através de conteúdos que gostam de consumir em outras línguas, como k-pop e séries estrangeiras. Esses jovens se tornam multimodais a partir de práticas como criação de comunidades para produção e compartilhamento de legendas para filmes e séries, por exemplo.
Durante as atividades, o artista Nácio Charges (@naciocharges no Instagram) fez caricaturas dos convidados/as das conferências e das mesas. Confira seleção de alguns dos trabalhos:
Uma pergunta para os conferencistas
Perguntamos aos e às conferencistas antes de suas apresentações qual é a relação pessoal de cada um com a cultura digital e como essas interações se relacionam com suas pesquisas, projetos e aulas. Confira as respostas: