Nota de falecimento - Graça Paulino

A pesquisadora do Gpell e do Ceale faleceu no último dia 4, domingo


     

Institucional • Terça-feira, 06 de Agosto de 2019, 15:17:00

 

É com pesar que comunicamos o falecimento, no último dia 4, domingo, de Maria das Graças Paulino, pesquisadora do Ceale e professora da Faculdade da Educação (FaE) da UFMG. A docente foi graduada em Letras, mestra em Estudos Literários pela UFMG e doutora em Teoria Literária pela UFRJ. Graça Paulino, como era conhecida, atuou como professora na Faculdade de Letras da UFMG no início dos anos 70, na qual permaneceu por mais de 20 anos. Após esse período, tornou-se professora na Faculdade de Educação da UFMG e pesquisadora do Grupo de Pesquisa do Letramento Literário (GPELL) do Ceale.
 
Francisca Maciel, diretora do Ceale, lamentou o falecimento de Graça e mencionou a importância de sua contribuição tanto para o Ceale quanto para a educação: “sua atuação no ensino e pesquisa literária fica como duradouro exemplo de dedicação e competência.” Maria Zélia Machado, também professora da FaE/UFMG e pesquisadora do Ceale, lembra da postura de Graça em defesa do ‘lugar da literatura’: “conheci Graça em um curso de especialização sobre o ensino da literatura, no início da década de 90 e nunca mais a perdi de vista. Anos depois nos reencontramos na criação do Grupo de Pesquisa de Literatura Infantil, que passou a chamar GPELL, onde ela atuava até hoje. Boa de briga, ainda mais quando ameaçavam ou menosprezavam o lugar da literatura, Graça enfrentava os discursos mais pragmáticos, conjugando, na sua dura argumentação, a crítica, a teoria, a história e trazendo, como argumento máximo, aquilo que não podia faltar, o texto literário”. Zélia foi aluna, orientanda e amiga de Graça.
 
Também pesquisador do Ceale, Rildo Cosson destaca a relevância da colaboração de Graça em sua trajetória acadêmica e compartilha seu carinho pela professora. “A defesa permanente da leitura literária e o acesso de todos a obras de qualidade são duas das várias bandeiras que Graça Paulino empunhou em sua vida acadêmica. Preocupada com os leitores em formação, ela sempre apontou as dificuldades enfrentadas nas escolas e os equívocos das defesas fáceis de hábitos e gostos de leitura naturalizados. O letramento literário, conceito pelo qual buscou romper com os usos fossilizados da literatura e demandar a formação de um leitor propriamente literário, foi o caminho que abriu para toda uma geração de professores e estudiosos que como ela buscavam fazer da leitura literária o fundamento do ensino da literatura. Questionadora de velhas práticas e bem fundamentada em suas propostas, ela ajudou o ensino da literatura a se constituir como uma área autônoma e legítima, estabelecendo um território próprio entre as Letras e a Educação. Leitora arguta e sensível de grandes e pequenas obras, Paulino sabia teórica e intimamente, como sabem todos os que se fizeram leitores a despeito de circunstâncias adversas, como todos os que construíram suas vidas em diálogo com as palavras sem fundo dos poemas e dos romances, que a leitura literária é experiência. Lição ensinada, lição compartilhada, lição aprendida professora Graça. Seus muitos alunos, colegas e leitores de seus textos, como eu, agradecemos o seu pioneirismo e caminhamos daqui para frente seguindo as marcas deixadas pelos seus passos.”
 
 
Arquivo pessoal de Zélia Versiani.