Outra escola é possível
Reinvenção, utopia e sentimentos marcam a primeira mesa de diálogo do Seminário Teias de Cidadania
Acontece • Segunda-feira, 30 de Setembro de 2013, 15:48:00
Diante de um auditório repleto de gente, Levindo Carvalho pergunta: “quem aqui é capaz de lembrar um episódio feliz da infância?”. Praticamente todos os presentes levantam as mãos, com sorrisos nostálgicos. “E quem aqui lembrou de um episódio que aconteceu dentro da escola?”. Os sorrisos tornam-se gargalhadas, ao perceber que praticamente nenhuma das pessoas que assistia àquela mesa de diálogo associava a escola às lembranças felizes dos tempos de criança.
A mesa era a primeira do IV Seminário Internacional Teias de Cidadania, que aconteceu de 24 a 27 de setembro na FaE/UFMG com o tema “Ocupar a cidade: Educação Integral em Movimento. Para falar sobre “Cidade e Infância”, Levindo Diniz Carvalho, professor no Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal de São João del Rei, cativou o público com relatos de sua pesquisa de doutorado, realizada com crianças de escolas em territórios de vulnerabilidade em Belo Horizonte. E se há 20, 30 anos atrás a escola não gerava boas memórias para os adultos de hoje, essa situação pode não ter mudado muito com o passar dos anos.
“Educação em tempo integral não precisa significar mais um emparedamento das crianças”, reivindica Levindo. A reinvenção das práticas educacionais, com foco nos momentos de troca de partilha entre crianças e professores (dentro e fora da escola) foi a tônica da mesa – do compartilhamento de experiências de Maria Eugênia Milet, diretora da ONG Ser-tão Brasil (Salvador – BA), à apresentação das pesquisas do arquiteto Samy Lanksy, que esteve em busca de espaços urbanos com crianças.
Para o pesquisador catalão César Muñoz Jiménez, essa reinvenção passa necessariamente pelo que chama de “pedagogia da vida cotidiana”. César propõe que a relação entre educadores e estudantes precisa passar pelo questionamento dos sentimentos dos estudantes acerca dos processos educativos que vivenciam. E que estejamos em busca de uma educação “integral, positiva e progressista”, construída junto às crianças. “Um indicador para saber se somos bons educadores passa por uma cadeia de sentimentos, que vai do respeito ao pertencimento”, ele afirma.