Perspectivas Ceale na próxima sexta
Ana Maria de Oliveira Galvão (FaE/UFMG) fala sobre 'A produção sócio-histórica do preconceito contra o analfabeto'
Acontece • Segunda-feira, 27 de Novembro de 2017, 17:12:00
Na próxima sexta, será realizada nova edição do Perspectivas Ceale, com apresentação da professora e pesquisadora Ana Maria de Oliveira Galvão, da Faculdade de Educação da UFMG. Com o tema "A produção sócio-histórica do preconceito contra o analfabeto", o evento vai discurtir os sentidos atribuídos ao termo analfabeto, em suas primeiras ocorrências, em periódicos publicados entre 1808 e 1849 em diferentes províncias brasileiras, com Rio de Janeiro, Pará e Minas Gerais. Confira abaixo o resumo completo.
Dia: 01 de dezembro de 2017 (sexta-feira)
Horário: 14h
Local: Sala 529 da FaE (2º andar do prédio Cecimig/Ceale)
Resumo
Como se produziu, ao longo da história, o preconceito contra as pessoas que não sabem ler nem escrever? Alguns estudos têm mostrado que, no período colonial brasileiro, ainda não havia sido produzido o discurso que associa o analfabeto à incapacidade de tomar decisões de modo soberano. Foi principalmente a partir da discussão em torno da lei Saraiva, na segunda metade do século XIX, que essas associações começaram a ser realizadas de modo mais contundente, tornando-se mais recorrentes a partir da República. Nesse sentido, busca-se identificar como essas produções discursivas emergiram em um período ainda pouco estudado em relação a essa temática: a primeira metade do século XIX. Nessa direção, a pesquisa busca identificar as primeiras ocorrências do termo ‘analfabeto’ em diversas esferas da atividade humana, por meio da análise de um conjunto variado de fontes documentais do período investigado, como dicionários, discursos oficiais, autobiografias, levantamentos censitários provinciais, obras literárias, obras de intelectuais e periódicos. A investigação está baseada, teórica e metodologicamente, em estudos da História Cultural, particularmente na categoria de representação (CHARTIER, 1990). A noção de produção discursiva (FOUCAULT, 1995) também tem orientado a análise das fontes. Nesse sentido, tem-se buscado compreender a emergência de discursos que, em sua dispersão, construíram, ao longo das décadas, um feixe de imagens que associam o analfabeto e o analfabetismo à ignorância, à incapacidade, à pobreza, à doença, à cegueira, ao rural e, ao mesmo tempo, ao perigo, à subversão, à criminalidade e à irracionalidade. Nesta apresentação, discutimos os sentidos atribuídos ao termo analfabeto, em suas primeiras ocorrências, em periódicos publicados entre 1808 e 1849 em diferentes províncias brasileiras (Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Maranhão, Pará, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul).