Pnaic tem primeiro encontro de 2018

Evento deu início a novo formato e contou com palestras e atividades em salas de aula


     

Acontece • Quarta-feira, 14 de Março de 2018, 16:28:00

Atualizado às 17:14 do dia 15/03/18

 

Ocorreu nos dias 13 e 14 de março, na UFMG, o primeiro encontro de 2018 do Pnaic voltado para os formadores locais do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental e do Programa Novo Mais Educação (PNME). A edição do Pnaic desse ano adotará formato um pouco diferente das edições anteriores, sendo dividida em três segmentos, que abarcam os eixos da Educação Infantil, 1º a 3º ano do Ensino Fundamental e PNME. Os encontros presenciais com os formadores da Educação Infantil acontecerão em datas diferenciadas, sendo o primeiro nos dias 20 e 21 de março, já que é a primeira vez que ocorre uma formação do Pnaic para educadores desse segmento em âmbito nacional. O próximo encontro presencial do Pnaic para os participantes da educação do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental e do PNME ocorrerá nos dias 15 e 16 de maio. Para os da Educação Infantil, as datas serão 17 e 18 de abril e 8 e 9 de maio.

No primeiro dia, 13, houve pela manhã a abertura do evento e uma palestra com a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Eliana Albuquerque que abordou práticas de alfabetização. Durante a tarde, foi feita a separação dos participantes em grupos menores, que se dirigiram a salas de aula da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG para realizar atividades de formação. No segundo dia, foi realizada uma entrega de exemplares do “Caderno de Experiências em Alfabetização e Alfabetização Matemática na Perspectiva do Letramento” e o lançamento desse material, com uma homenagem e breve entrevista com alguns dos autores e autoras do caderno. Em seguida, a professora da FaE/UFMG Sara Mourão explorou, em sua palestra, o tema “Processos cognitivos na leitura inicial” e a professora da Fale/UFMG Delaine Cafiero abordou, após a primeira palestra, a temática “Compreensão na leitura”. Na parte da tarde os participantes do Pnaic novamente se dirigiram às salas de aula.

 

Primeiro dia      

A abertura do evento contou com uma mesa formada por coordenadoras e professoras formadoras do Pnaic. Diversos assuntos foram abordados, entre eles a reestruturação da formação do programa proposta pelo MEC e os desafios que isso acarreta desde para as universidades até às escolas da rede municipal. Foram também abordados tópicos como a situação do SIMEC (Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle) e desafios como a substituição dos coordenadores pedagógicos e dos formadores, cortes de verba e as falhas do sistema de avaliação dos resultados do Pnaic com base na Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA). A professora da FaE Valéria Resende, coordenadora de formação do Pnaic na UFMG, refletiu a respeito do caminho percorrido pelo Pnaic desde seu início, apontando os desafios superados e os que estão ainda por superar. Valéria frisou que é necessário que se defenda a melhoria dos pontos problemáticos do programa e que os problemas sejam enfrentados, nunca abandonados. 

 

Sobre métodos e cotidianos

A professora da UFPE Eliana Albuquerque tem grande experiência em formação de professores

 

Logo em seguida ocorreu a palestra com o tema “Práticas de alfabetização: a organização do trabalho docente e as aprendizagens dos alunos”, realizada pela professora Eliana Borges Correia de Albuquerque da UFPE e pesquisadora do Centro de Estudos em Educação e Linguagem (CEEL). Ela tratou das mudanças nas práticas de alfabetização ocorridas desde o final do século passado e também de sua história dentro do próprio Pnaic, ressaltando a importância de pesquisas a respeito da alfabetização ocorrerem por meio de diferentes perspectivas.

Eliana expôs duas pesquisas com o objetivo de responder à questão: “Qualquer maneira de alfabetizar vale a pena desde que o aluno aprenda?”, comparando os métodos do programa “Alfa e beto” e do Pnaic. Essa comparação não levou em conta só os resultados finais para as turmas que foram foco dos trabalhos, como também sua situação inicial, considerando o conhecimento que os alunos já tinham e o que eles ainda precisavam para progredir. Logo em seguida foram descritos os resultados, que apontaram para a eficiência do Pnaic, já que foram baseados em dados qualitativos e que levam em conta o cotidiano das escolas, com as dificuldades, angústias e alegrias enfrentadas pelos professores.

No encerramento da palestra, Eliana destacou a importância da formação continuada e da necessidade do “fazer diferente” também vir dos professores, mostrando que eles também precisam lutar para garantir a autoria do processo de reinvenção da alfabetização.

 

Segundo dia

Nove dos 31 autores dos textos do Caderno de Experiências estavam presentes no evento 

 

A programação continuou no dia 14 com homenagem e entrevista, no início da manhã, com os autores do “Caderno de Experiências em Alfabetização e Alfabetização Matemática na Perspectiva do Letramento”. O caderno reúne relatos de experiências, artigos e demais textos resultantes de ações pedagógicas de docentes que participaram do Pnaic em 2016. Na entrevista, os autores contaram sobre os desafios, tanto da escrita quanto os que os levaram a escrever os textos apresentados no caderno. Além disso, compartilharam de sua visão sobre o Pnaic e a importância da formação continuada.

Em seguida, deu-se início às palestras programadas para o segundo dia, sendo a primeira ministrada pela professora da FaE Sara Mourão Monteiro. A doutora em Educação pela UFMG trouxe discussão a respeito dos “Processos cognitivos na leitura inicial: relação entre estratégias de reconhecimento de palavras e alfabetização”. Sara iniciou a palestra falando sobre a leitura e os dois níveis que ela possui, o do processamento/formação das palavras e a interpretação, ali representados pelas duas palestras na programação, sendo o foco do assunto que ela apresentaria a aprendizagem inicial do sistema de escrita.

A professora da FaE discutiu na palestra as estratégias que as crianças desenvolvem para escrita e leitura e a relação desses processos, afirmando que esses métodos surgem a partir da experimentação e das hipóteses e ideias que derivam dela. Sara explicou, ainda, como acontece a evolução dessas estratégias, que seriam através de estágios como o de reconhecimento das palavras - visual - e a passagem para a fase alfabética. Em sua conclusão, a professora reforça a ideia que foi dita algumas vezes durante a palestra sobre a importância da correspondência letra e som (componente fonológico) e sobre o ensino das estruturas silábicas (correspondente ortográfico) nas atividades de alfabetização.

 

As professoras da UFMG Sara Mourão (FaE) e Delaine Cafiero (Fale) ministraram as palestras do segundo dia

 

Compreendendo a leitura

Na segunda palestra do dia, Delaine Cafiero Bicalho, professora da UFMG e doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), tratou do tema “Compreensão na leitura”, trazendo a leitura como um processo cognitivo e social. Delaine trouxe reflexões sobre as ações envolvidas na leitura, as possibilidades e a importância de se continuar o ensino de leitura nos anos posteriores.

A professora defende que os currículos das escolas deveriam considerar o contexto em que os alunos estão inseridos na hora do ensino da leitura, afirmando que isso facilita para a compreensão de significados se os mesmos forem próximos da realidade das crianças. Ela colocou, ainda, a importância da mediação da leitura, ao invés de somente aplicar leituras para os alunos, somado a outras ações como ensinar diferentes modos de leitura (dependendo do gênero), ensinar a criticar, ativar conhecimentos e observar o texto como um todo.

 

Assista na íntegra às palestras dos dias 13 e 14.