Sentar para ler: um momento especial

Em visita à UFMG, pesquisadora alemã falou ao Letra A sobre o papel do adulto para cultivar nas crianças o gosto pela leitura e sobre escolhas de livros infantis


     

Letra A • Sexta-feira, 15 de Maio de 2015, 15:37:00

Por Manuela Peixoto

Conhecer as características da narrativa desde cedo e dominar habilidades relacionadas a contar, ouvir, ler e interpretar histórias é essencial para a criança lidar de maneira competente não só com os livros infantis, mas também com outras mídias. Para tratar desse tema, a professora e pesquisadora Bettina Kümmerling-Meibauer, da Universidade Eberhard Karls, na Alemanha, realizou uma série de atividades na Faculdade de Educação da UFMG, no mês de março. A pesquisadora é membro do Comitê Alfabetização Digital e Práticas Multimodais de Crianças Pequenas, órgão fundado da União Europeia que visa examinar como a alfabetização de crianças pequenas se desenvolve e transforma com a digitalização da comunicação. Convidada especial do IV Seminário Internacional Leitura e Escrita na Educação Infantil1, Bettina apresentou diferentes conceitos e orientações relacionadas ao desenvolvimento de bebês e crianças de até 6 anos para se tornarem leitores competentes.

Mesmo com a massificação dos suportes digitais, Bettina ainda vê o momento da leitura de um livro impresso, compartilhada pelo adulto e pela criança, como algo especial. Por isso, sentar, ler junto e repetir a história várias vezes faz com que os pequenos assimilem melhor o que está sendo tratado no livro – e, assim, passem a ter uma visão de mundo mais ampla. “A literatura infantil introduz às crianças ideias, ambientes e problemas sociais que elas provavelmente não vão encontrar no seu dia a dia. Isso melhora o seu entendimento intercultural, social e emocional sobre a condição de vida de outras pessoas”, frisa Bettina. Sendo assim, quanto mais variados forem os tipos de livros e mídias a que a criança tem acesso, mais seu conhecimento de mundo – e das formas narrativas – se abre. “Pode acontecer de algumas crianças estarem mais interessadas em livros de não-ficção, enquanto outras mostrem profundo interesse por histórias fantásticas, outras adorem histórias realistas e outras, quadrinhos. Elas devem ter a oportunidade de conviver com todos eles, além de outros meios de comunicação, especialmente filmes infantis”, complementa Bettina.


1Ação do projeto Leitura e Escrita na Primeira Infância, coordenado por UFMG, UFRJ, Unirio e MEC.