Trajetória inspiradora

Institucional • Segunda-feira, 04 de Maio de 2015, 16:49:00

Todo o esforço de Magda Becker Soares pela melhoria da educação no Brasil será mais uma vez reconhecido. Na noite de amanhã, dia 5 de maio, a professora emérita da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG e fundadora do Ceale recebe o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia, em cerimônia na Escola Naval, no Rio de Janeiro.

O prêmio, que a cada três anos contempla o campo das Ciências Sociais, Humanas, Letras e Artes, é a mais importante honraria em ciência e tecnologia do País, concedida pelo CNPq em parceria com a Fundação Conrado Wessel e a Marinha do Brasil. Magda Soares é a terceira mulher a conquistar o prêmio, dentre 44 premiados desde 1982.

Para prestigiar a pesquisadora, vão comparecer à cerimônia representantes do Ceale, da direção da FaE e do Programa de Pós-graduação em Educação da unidade. Em comemoração à conquista, o Ceale escutou educadores que falaram das contribuições de Magda para a educação ao longo de toda sua trajetória.

“Um modelo a ser seguido”

Graduada em Línguas Neolatinas e doutora em Didática pela UFMG, Magda começou a lecionar na universidade em 1959 e só se aposentou quarenta anos mais tarde, em 1999, mesmo ano em que recebeu o título de professora emérita da instituição. Durante toda sua trajetória, a educadora foi além da atuação nas salas de aula. Magda desenvolveu pesquisas que influenciaram (e ainda influenciam) as práticas de ensino em todo o país e que contribuíram para a formação de muitas gerações de professores brasileiros.

“Magda-Pesquisadora, esta é a faceta da professora-orientadora-colega e amiga que destaco.  É um privilégio conviver com alguém que persegue os problemas da aprendizagem inicial da leitura e da escrita, compartilha suas preocupações  em busca  de soluções com ensino e a formação dos professores alfabetizadores.  Magda consegue integrar a tríade: ensino, pesquisa e extensão e é, para nós, uma referência, um modelo a ser seguido”, declara a pesquisadora e ex-diretora do Ceale Francisca Maciel, que coordena hoje a pesquisa Alfabetização no Brasil: Estado do Conhecimento (Abec), iniciada por Magda Soares em 1986.

“Pessoa amigável e profissional competente”

Peça-chave na Faculdade de Educação, Magda fez parte da comissão responsável por elaborar o anteprojeto da estrutura administrativa e pedagógica da instituição, que se tornou unidade própria da UFMG em 1968. Depois de ajudar a criar a Faculdade de Educação, ela colaborou para a estruturação do Programa de Pós-Graduação da unidade, instituído em 1970.

Em nota oficial, a diretora da FaE, Juliane Correa, e o vice-diretor, João Valdir Souza, destacaram a importância da pesquisadora na história da unidade:  “A direção da FaE manifesta publicamente seu reconhecimento pelos relevantes trabalhos realizados pela professora Magda Becker Soares nesta instituição. Salienta o quanto sua presença como pessoa amigável e profissional competente contribuiu para tornar a Faculdade altamente reconhecida, nacional e internacionalmente, em tudo aquilo que lhe é próprio: ensino, gestão, pesquisa e extensão, na graduação e na pós-gradução. E destaca, particularmente, seu decisivo papel na criação e consolidação do Ceale como referência nacional no que se refere aos processos de alfabetização e letramento”.

“Compromisso com o trabalho que criou”                                        

Em 1990, ano nomeado pela Unesco como o Ano Internacional da Alfabetização, Magda Soares cria o Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), do qual foi diretora até 1995 e onde continua atuando como colaboradora em diferentes projetos, 25 anos depois da fundação.

A pesquisadora e diretora do Ceale, Isabel Frade, destaca como as trajetórias de Magda Soares e do centro de pesquisas criado por ela marcam uma à outra: “A trajetória de Magda já é reconhecida antes da criação do Ceale, mas acredito que o Centro congregou e tornou mais visível as ações de alfabetização, reforçando o campo de pesquisa e de intervenção no Brasil. A atuação da Magda até hoje no Ceale representa o próprio compromisso dela com o trabalho que criou. Quando se aposentou, ela deixou o Ceale bem autônomo, ao mesmo tempo em que ainda trabalha em vários projetos desenvolvidos aqui de uma forma muito comprometida. Nós temos o dever de alimentar o que ela criou, mas ao mesmo tempo podemos contar com ela”

“Vejo o encantamento dela ao ver as crianças lendo”

Estimulada pelo espírito de socialização que sempre a moveu, em 2007 Magda volta a se aproximar das salas de aula, a convite da Secretaria Municipal de Lagoa Santa. Atuando como voluntária, a educadora desenvolveu um projeto de melhoria do ensino que culminou na criação do Núcleo de Alfabetização e Letramento da cidade, do qual é coordenadora. Toda segunda-feira, ela se reúne com as 24 professoras que representam cada escola municipal da cidade. A representante do Núcleo na rede municipal, Janair Cassiano, destaca a inspiração que a pesquisadora representa para todo o grupo:

“Essa prática de dentro da sala de aula, esse momento das professoras com as crianças, é o que encanta a Magda e a faz dispor de seu tempo. Ela adora ver as produções das professoras e tira todas as dúvidas muito atenciosamente. Vejo o encantamento dela quando chega na biblioteca e vê as crianças lendo, quando assiste às apresentações e vê os trabalhos delas em exposições. Por isso é uma honra tê-la aqui, é uma inspiração para todos nós”, ressalta Janair.