Classificados - Letra A 40
Conceitos matemáticos, leitura em família e disposição de textos na sala de aula
Letra A • Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2014, 15:44:00
Frota colorida
Separando aviõezinhos pela cor, crianças começam a aprender conceitos matemáticos
Por Jeisy Monteiro
Na turma da professora Maria José Campos Ferreira, no Núcleo de Educação da Infância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal (RN), o trabalho com representação numérica e problemas matemáticos já é desenvolvido com crianças com idades entre 2 e 3 anos.
Apesar de não trabalhar com a escrita de números nessa faixa etária, Maria José elaborou atividades que abrangiam comparação e classificação, recitação (contagem oral) e representação de quantidades por meio da investigação científica: as crianças eram instigadas a apresentar hipóteses a serem testadas por elas próprias junto à professora.
Em uma sequência didática sobre meios de transporte, cada aluno usou sua cor preferida para colorir uma miniatura de avião. Quando terminaram, a professora pediu a eles que comparassem os objetos aos dos colegas e sugerissem uma forma de classificar e dividir a frota. A primeira ideia foi colocar todos os aviões em apenas um grupo, mas, conforme Maria José apontava para as diferenças entre os objetos, as crianças decidiram desenhar um aeroporto para cada cor. Os alunos também concluíram que o avião do colega que havia faltado à aula – e portanto não foi colorido – não deveria ser incluído em nenhum aeroporto.
Para Maria José, a importância de começar a trabalhar esses conceitos com crianças tão novas é evidenciar que a matemática está presente no dia a dia. “Mesmo que eles não façam uma classificação hierárquica, de que antes do 5 vai ter o 4, é importante trabalhar recitação com eles, para que eles percebam a matemática no cotidiano”, afirma a professora. “Isso também é trabalhado quando a gente escreve diariamente a rotina, para eles perceberem a sequência de tempo, que uma coisa vem após a outra, ou então quando mostramos quantos dias faltam para o aniversário de um coleguinha”, completa.
Sacola viajante
Professora incentiva a leitura em casa, com envolvimento da família
Por Daniel Henrique
O caminho que a história percorre é o diferencial do projeto Sacola Viajante. Gercilene Rodrigues de Lima Campos, professora na Escola Municipal de Educação Infantil Professora Eteuvina Malha de Ciqueira, em Aracaju (SE), mostra que a leitura deve ser estimulada também fora da escola. Gercilene leciona para alunos de 3 anos de idade e afirma a importância desse incentivo desde o princípio da educação. “Trabalho em outra escola, de Ensino Fundamental, e percebo uma dificuldade maior com leitura por parte dos alunos que não tiveram a oportunidade de frequentar a Educação Infantil”.
Para estimular o interesse pela leitura literária nos alunos mais novos, Gercilene conta com o auxílio de duas sacolas: cada uma contém duas folhas de papel em branco, uma caixa de lápis de cor, uma borracha, um lápis de grafite e um livro literário escolhido pela turma. Toda sexta-feira acontece um sorteio, e cada criança sorteada leva para casa uma das “sacolas viajantes”, que ficam com elas durante o fim de semana. “Dentro da sacola vai também um bilhete para os pais, explicando que uma das folhas em branco é para que o aluno ilustre a história contada por eles, e a outra para que os responsáveis relatem como foi a experiência.”
Um dos resultados do projeto, segundo a professora, tem sido uma mudança na visão que alguns pais têm sobre a Educação Infantil. “Principalmente quem não está inserido na escola pensa, muitas vezes, que o aluno só está ali para passar o tempo, o que não é verdade: tem todo um planejamento e uma preparação para os anos seguintes”, comenta Gercilene.
Castelo da leitura
Reestruturação na sala de aula facilita o contato das crianças com textos
Por Daniel Henrique
O reino encantado das letras ficou mais próximo dos alunos do Centro Municipal de Educação Infantil Príncipes e Princesas, em Palmas (TO). Graças aos professores Marlon Brito e Núbia Oliveira, que criaram o Castelo da Leitura. “Antigamente, tinha uma caixa grande no canto da sala, que chamávamos de biblioteca. Com a reforma, mudamos o nome para Castelo da Leitura, porque ali, além de livros, colocamos todo tipo de material”, conta a professora.
Os pais dos alunos forneceram diversos portadores de texto para o futuro castelo, o que contribuiu com a diversidade de gêneros e materiais disponíveis. “Eles trouxeram gibis, receitas, bulas, livros convencionais, poemas. Até aparelho telefônico e teclado de computador apareceram”, lembra Núbia.
A partir dos novos materiais coletados, o ambiente e a disposição dos materiais foram repensados para facilitar o acesso dos alunos, na faixa etária dos 4 anos. “Anteriormente, ficava tudo em uma caixa que dificultava o acesso. Com a reforma, colocamos um colchonete e almofadas, penduramos um varal e personalizamos os prendedores, além de organizar tudo em um armário em que as crianças pudessem alcançar até a última prateleira”, conta Núbia. “Foram várias mudanças no ambiente que facilitaram o manuseio e a interação com os materiais.”
A insegurança dificultava o processo de aprendizagem: justamente por não terem o hábito da leitura, os alunos apresentavam resistência. “Inicialmente, eles tinham medo de ler e não se interessavam pela biblioteca. Com o surgimento do Castelo da Leitura, os alunos se predispõem mais; tornou-se o espaço mais disputado da sala de aula”, conta a professora.
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