Infância e juventude: qual literatura?
Consumo de livros entre crianças e jovens marca as discussões do X Jogo do Livro
Acontece • Terça-feira, 19 de Novembro de 2013, 14:03:00
“A criança lê tudo no mundo que vê e descobre”, afirmou Dolores Prades, editora da revista Emília, na quinta mesa do X Jogo do Livro Infantil e Juvenil, realizada na manhã de sexta-feira (08/11). Dolores se referia ao infinito universo de possibilidades que se oferece de forma cotidiana às crianças na chamada primeira infância – fase que vai até os seis anos de idade. “Para crianças nessa etapa da vida, tudo está sendo descoberto pela primeira vez”. Segundo a editora, o encanto e as surpresas dessas descobertas podem (e devem!) ser aproveitados para estimular os pequenos a entrar desde cedo no mundo das narrativas.
De acordo com Dolores, a palavra é um elemento fundamental para o crescimento emocional e psicológico do bebê. A leitura em voz alta é muito importante nesse processo, já que ajuda a organizar o pensamento em palavras. “Nessa fase, não importa tanto o que dizem as palavras, mas como elas são ditas”, afirmou a editora. “Nada substitui a voz afetuosa e ritmada do adulto contando histórias para uma criança”. Realizada de forma intuitiva há séculos, a leitura em voz alta não carece de receita. “Qualquer história pode ser contada. Mas nada como pais e professores leitores para estimular a intimidade com os livros”.
Mônica Correia Batista, pesquisadora do Ceale, endossou que incorporar o livro ao mundo da criança não é (apenas) uma forma de favorecer o crescimento futuro ou o desenvolvimento de competências intelectuais. Muito mais do que isso, trata-se de uma porta de entrada no universo da leitura. “O papel que as histórias cumprem não se resume ao provimento de modelos narrativos. Ele diz respeito à possibilidade de construção de outros universos de referência”. Para a pesquisadora, o contato com a literatura é importante na primeira infância porque são essas histórias que vão fornecer material simbólico inicial para descobrir quem somos e quem queremos ser.
Leitura na juventude
Na mesa anterior, os pesquisadores Maria Zélia Versiani, Ivete Walty e Edgar Roberto Kirchof discutiram a literatura para jovens. Partindo do questionamento da velha ideia de que o jovem não lê, a mesa buscou compreender afinal o que o jovem lê e que suportes de leitura se oferecem para sua formação literária. A conversa girou entre três diferentes prismas de análise: as múltiplas formas de apresentação da poesia juvenil na atualidade; a proposta intertextual e dos processos enunciativos de livros infanto-juvenis; e a literatura para jovens no universo digital.