Livro: do analógico ao digital
Entre os dias 9 e 18 de dezembro, pesquisadores se reuniram para discutir os meios digitais como um novo suporte para a literatura
Acontece • Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2014, 10:36:00
“Vivemos em uma sociedade que, de maneira geral, está atravessada pelo domínio digital em diferentes contextos. O âmbito digital é hegemônico enquanto modo de estar no mundo contemporaneamente. Diante disso, a literatura, como um modo de afeição simbólica da sociedade, também se vê interpelada”, afirmou Claudia Kozak, pesquisadora da Universidade de Buenos Aires, na abertura do VII Simpósio Nacional e III Simpósio Internacional de Literatura e Informática, que abordou o tema “Livro: do analógico ao digital”.
Os nove dias de evento possibilitaram uma articulação entre os pesquisadores e a realização de produções pensadas coletivamente. Os workshops propiciaram a produção interdisciplinar de duas obras de literatura infantil e duas de literatura adulta, na perspectiva do livro digital. “Quando pensamos no livro, pensamos algumas formas que orientam as pessoas que vão fazer os poemas, como seria a imagem que vai compor ou uma trilha sonora que vai estar no fundo”, contou o coordenador do evento, Rogério Barbosa da Silva, professor do departamento de Linguagem e Tecnologia do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-MG). As reflexões sobre o objeto estético eram debatidas também nos seminários de produção e crítica e nas mesas redondas.
Chamado à integração
Na abertura, Claudia também fez um chamado para a construção de uma Rede Latinoamericana de Literatura Eletrônica, afirmando a necessidade de uma plataforma em que se reúnam os pesquisadores do tema na América Latina, já que esse é ainda um campo recente. Ao mesmo tempo, ela afirma a importância dessa rede “não só para reunirmos, mas também para pensar se a questão da literatura eletrônica na America Latina tem ou não especificidades. Em geral, a visão latinoamericana implicaria especificidades, dado que os contextos políticos, econômicos e sociais são diferentes”. O chamado, na opinião de Rogério Barbosa da Silva, se une a uma notícia trazida pelo poeta e professor da Universidade Fernando Pessoa, Rui Torres. Ele contou que a ELO – Eletronic, Literature Organization, uma entidade internacional que publica literatura na mídia eletrônica, nesse momento tende a incorporar mais fortemente as produções latinoamericanas e brasileiras. “A fala desses dois expositores nos coloca a ideia de construir uma rede organizada e pensada, bem como ações coletivas em uma perspectiva internacional”, afirmou Rogério.
Para Isabel Frade, diretora do Ceale, “é necessário aprofundar as noções do que é texto e do que é linguagem, para entender a contribuição que as novas técnicas trazem para a literatura”. Nesse sentido, a participação do Ceale pela primeira vez na organização do evento alimentou as reflexões sobre o letramento digital. “Nós fazemos pesquisas sobre alfabetização e literatura digital, e o simpósio contribui para que mais pessoas e grupos se aproximem desse tema”, afirmou Isabel.
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