O sobe e desce dos índices

Karina Fideles discute baixo desempenho escolar no Ceale Debate de Setembro


     

Acontece • Terça-feira, 17 de Setembro de 2013, 10:44:00

Provinha Brasil, Enem, Enade... São muitas as avaliações que o Governo usa para medir o desempenho dos estudantes e a qualidade do ensino. Mas, depois da prova feita, o que fazer com os resultados? Como estabelecer a relação entre os dados e a realidade dos alunos, para compreender e transformar o que dizem os números?

O Ceale Debate deste mês discute a dinâmica das avaliações de desempenho. Na próxima quinta-feira, 19, Karina Fideles Filgueiras, professora do Departamento de Psicologia da PUC-Minas, fala de sua pesquisa de doutorado sobre o fenômeno de mobilidade entre alunos que apresentaram baixo desempenho nas avaliações censitárias do PROALFA (MG) de 2007 a 2010. Através do estudo de caso de duas escolas localizadas em Belo Horizonte, Karina analisa os fatores que interferem na melhora ou priora dos níveis de alfabetização alcançados pelos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental da rede pública.

O encontro acontece no auditório Neidson Rodrigues, na Faculdade de Educação da UFMG, às 19h30. Mais informações pelo e-mail cealedebate2013@gmail.com ou no telefone (31) 3409 5334. Ficou curioso pra saber mais sobre a pesquisa da Karina? Veja uma prévia da palestra na entrevista concedida ao Portal Educativo do Ceale!

 

O que te chamou a atenção para desenvolver pesquisa com base nos dados do PROALFA em Belo Horizonte?

Desde minha primeira pesquisa, em 2002, que tenho trabalhado com problemas e dificuldades de aprendizagem na alfabetização. A partir do momento em que se sistematizou uma avaliação para a alfabetização no Estado de Minas Gerais, os dados em relação às dificuldades, os agora denominados BDs, foram meu foco.

Em sua pesquisa, você foca em dois estudos de caso de escolas locais. É possível identificar uma relação de semelhança entre as escolas de baixo desempenho?

Há semelhanças não só entre escolas que apresentam muitos alunos com baixo desempenho quanto entre aquelas que são consideradas “boas”, principalmente no que diz respeito às estratégias pedagógicas utilizadas na tentativa de diminuir o número de alunos BDs. A retenção e a segregação podem ser exemplos

O que significa a curva descendente de BD? Qual a relação desse fenômeno com o desempenho dos estudantes avaliados?

Na verdade, o que chamo de curva descendente de BD é a diminuição do número de alunos considerados com baixo desempenho nas avaliações do PROALFA (MG), numa perspectiva longitudinal.  Mas talvez não possamos afirmar que esse fenômeno tenha ocorrido em Minas Gerais. A partir da análise dos resultados de 2005 a 2010, o número de alunos avaliados com baixo desempenho aumentou em relação à primeira edição da avaliação em 2007. A segunda edição apontou para um número crescente de alunos BDs. Em 2009, este percentual diminuiu em relação ao ano anterior, mas manteve-se maior do que na primeira edição. Em 2010, há uma diminuição pouco significativa, de menos de um ponto percentual. Ou seja, houve um pico da primeira para a segunda edição, e depois manteve-se um percentual semelhante de BDs, nas demais edições.

Além do PROALFA, temos vários exemplos de exames que o Governo usa para avaliar o desempenho dos estudantes, como a provinha Brasil e o ENEM. Você acha que esse tipo de avaliação realmente reflete a realidade do aluno?

Acho que esse tipo de avaliação censitária tem o propósito de possibilitar a proposição de políticas públicas educacionais, na tentativa de “provocar” a eficiência do aluno e a eficácia da escola. A realidade do aluno não pode ser medida apenas com um teste, ela é um conjunto de fatores contextuais que, inclusive, são mencionados nos questionários de contexto respondidos por alunos, professores e diretores.

O que os resultados apontam sobre a educação brasileira?

O Brasil ainda é um país que precisa investir na Educação Básica. Propor uma reflexão sobre os usos dos resultados das avaliações externas, censitárias, longitudinais é de extrema relevância para o panorama da Educação Nacional. A leitura dos dados quantitativos gerados por avaliações quantitativas e a representação dos dados do PROALFA (MG) pelos docentes e corpo administrativo poderá ser um fator que contribuirá para as propostas pedagógicas futuras que vão impactar nas práticas de sala de aula.