Alfabetização matemática
Em 2014, PNAIC insere nova área do conhecimento à formação dos professores alfabetizadores
Acontece • Quinta-feira, 05 de Junho de 2014, 15:17:00
Em maio a Faculdade de Educação da UFMG recebeu mais de 300 professores de aproximadamente 100 municípios mineiros para uma das etapas da formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). No programa do governo federal que visa aprimorar a qualidade dos três primeiros anos do Ensino Fundamental, um dos principais eixos é a formação continuada de professores nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática, coordenada na UFMG pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale).
De abrangência nacional, o PNAIC envolveu em 2013, seu primeiro ano, 5.420 municípios, com mais de 300 mil professores alfabetizadores de escolas públicas participando das formações. No modelo do programa, as 40 universidades participantes são responsáveis pela formação direta dos orientadores de estudos – professores das redes municipais e estaduais de ensino que participam dos cursos em uma das universidades, para então voltar aos municípios e repassar os conteúdos discutidos e orientações aos colegas. A formação em rede atinge, apenas no grupo formado pela UFMG, mais de 5 mil alfabetizadores.
Em um das turmas reunidas no mês de maio na Faculdade de Educação, a formadora Neiva Costa Toneli dava exemplos de como o livro Quem tem medo do ridículo?, de Ruth Rocha, poderia ser trabalhado nas salas de aula de alfabetização. Para aprimorar a leitura em voz alta, Neiva propôs a realização de um jogral com a turma. Identificar verso, estrofe e rima e ainda produzir um livro ilustrado sobre os medos de cada criança foram outras atividades sugeridas para compor uma sequência didática. Ao final, as orientadoras presentes discutiram como o livro literário poderia ser usado também para o ensino da Matemática, fortalecendo a proposta do PNAIC de que os conteúdos das duas áreas do conhecimento devem andar juntos no processo de alfabetização.
Na apresentação do conteúdo de Matemática na mesma turma, a formadora Paula Reis orientou a construção do jogo pedagógico “Quantos Faltam Para 6?”. Confeccionado em cartolina, a brincadeira propõe que o aluno jogue um dado e, de acordo com o número sorteado, preencha com fichas feitas em papel colorido uma tabela com seis subdivisões. Com fichas de uma cor para o número apontado no dado e de outra para preencher as lacunas da tabela, as crianças exercitam a adição e a subtração.
Maria José Lessa, orientadora de estudos de Sabará (MG), fala sobre a responsabilidade dos orientadores de compreender bem os conteúdos teóricos e as atividades propostas, para garantir que a formação chegue aos demais professores integralmente. “A dúvida que nós temos aqui, provavelmente as professoras vão ter em sala de aula, então é preciso esclarecer tudo”, diz Maria José.
Integração entre áreas
O segundo módulo das formações de 2014 aconteceu na Faculdade de Educação, no campus Pampulha, na última semana de maio. O conteúdo abordado nos encontros foi expandido em relação ao ano de 2013, todo voltado para a área de Língua Portuguesa. Com a inclusão da Matemática, o programa prevê para este ano seis encontros dos orientadores de estudos na UFMG, totalizando 200 horas de formação. Nos municípios, os orientadores ministram cursos aos alfabetizadores numa carga total de 160 horas – 120 para a área de Matemática, 40 para reforçar a formação em Língua Portuguesa. Orientadores e professores são instigados a, sempre que possível, desenvolver atividades e reflexões que promovam a integração entre as duas áreas.
Para Luciana Tenuta de Freitas, supervisora do PNAIC na UFMG na área de Matemática, o programa cria uma situação propícia para que sejam efetivamente trabalhadas áreas que já são consideradas dentre os direitos de aprendizagem dos alfabetizandos. “A ideia do Pacto é fazer chegar ao aluno o que já está previsto há muito tempo em termos de ensino de Matemática”, afirma. Até os oito anos, a criança precisa conhecer um conteúdo que inclui, por exemplo, a construção da ideia de número e sistemas de numeração, noções de espaço, formas e de direita e esquerda, assim como desenvolver a capacidade de coletar e interpretar dados do mundo.
A formadora Paula Reis aponta que a matemática aprendida na escola tem que ser percebida pela criança também fora dela e que o material desenvolvido para o Pacto parte dessa ideia. “Para isso utilizamos material concreto, envolvidos em práticas sociais reais, e estimulamos o uso de jogos”, relata.
O Ceale tem histórico de atuação na formação continuada de professores, participando também na produção de materiais para programas da área. Isabel Frade, diretora do Ceale e coordenadora do PNAIC na UFMG, destaca que oferecer formação continuada a professores é uma maneira de a Universidade cumprir seu papel social. Segundo ela, “é um dever dar um retorno aos professores e à sociedade no sentido de qualificar mais as propostas de formação, por exemplo acrescentando discussões próprias ao material já desenvolvido e distribuído pelos programas”.