Aprender com brincadeira

Segundo dia do Seminário Final do PNAIC foi marcado por oficinas dinâmicas e lúdicas


     

Acontece • Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2013, 14:20:00

Na tarde da última terça-feira (3), a FaE recebeu dezoito oficinas voltadas para educadores que participam do curso de formação do PNAIC, coordenado pelo Ceale. A variedade de temas das oficinas foi grande, passando pela produção de livros-brinquedos, cantigas de roda e histórias e trabalhos com ortografia.

Texto e imagem

Em um passeio pelas salas, era possível observar a interação entre os participantes das oficinas e o entusiasmo geral com as atividades. Algumas tarefas exigiam bastante participação e proatividade dos professores, como a oficina Alinhavando texto e imagem, ministrada pela educadora Rogéria Miranda Albuquerque. Os participantes recebiam um traçado simples e, a partir dele, tinham que criar um desenho mais elaborado. Os resultados foram diversos: de ratinhos e peixes até desenhos abstratos.

Depois disso, as imagens foram coladas no quadro negro e cada um dos participantes da oficina deu uma palavra para o desenho dos colegas. Em seguida, cada um teve que criar uma história relacionando a imagem com as palavras recebidas. Apesar do curto tempo para a produção das imagens e dos textos, os educadores esbanjaram criatividade. A professora Rosangela de Lima Freitas, de Belo Horizonte, conta sobre a experiência de participar da oficina: “Achei muito legal! Foi muito criativa e fez com que a gente perdesse essa inibição com a habilidade de desenhar, que nós achamos que não temos. A partir de um risco, nós criamos alguma coisa que deu elementos para outras pessoas fazerem sugestões, então foi muito rico.”

A oficina foi ministrada por Rogéria Miranda Albuquerque, que faz o curso de licenciatura em artes visuais na Universidade Estadual de Minas Gerais - UEMG e explica como teve a ideia para o tema: “Nós já experimentamos essa oficina na UEMG e achei que ela seria bastante pertinente aqui devido ao público, que são professores do Ensino Fundamental. Além disso, é uma oficina fácil de replicar, é dinâmica e prazerosa.” Além da simplicidade para a realização da oficina, Rogéria também ressalta que ela pode tornar a aula muito mais dinâmica e divertida para os alunos, enquanto simplesmente ordenar que escrevam textos pode gerar reações negativas.

Uma das professoras participantes da oficina avaliou que escrever uma história a partir de uma imagem que também foi feita por ela facilitou o processo, uma vez que já havia uma identificação prévia. A partir disso, Rogéria explicou brevemente sobre a importância da contextualização da arte. Segundo ela, Ana Mae Barbosa, pioneira na arte-educação no Brasil, defendia a abordagem triangular da arte. É preciso haver uma contextualização histórica, um fazer artístico e uma apreciação artística. Segundo Rogéria, essa visão pode ser adotada também em outras disciplinas. “Você tem que considerar que o aluno traz uma bagagem e que tudo - seja um risco, um rabisco - tem um significado. Às vezes nós passamos por cima desses significados, achamos que é insignificante, mas para o aluno não é.”

Poesia de modelar

Os professores também puderam participar da oficina de Poesia, magia, massinha: um diálogo possível, ministrada Sulamita Nagem, formadora do Ceale e professora da UFMG. Os participantes tiveram a oportunidade de voltar a infância brincando com massinha e poesia. As professoras partiram do livro Tem de Tudo nesta Rua, de Marcelo Xavier, que traz poemas sobre vários ofícios da rua, como o pipoqueiro e o camelô, para pensar em outras profissões que também são da rua. A turma montou uma maquete com a representação urbana e, ao final, tiveram que escrever um poema sobre esse profissional, como é feito no livro.

Sulamita conta que essa atividade tem um valor pedagógico muito grande, pois une o lúdico à descoberta e à produção do  gênero poesia, além de trabalhar disciplinas como história e geografia com o tema “rua”. E indica: “ao levar essa oficina para as escolas, as professoras podem montar, junto com os alunos, um livro com as fotos das maquetes ilustrando cada poema. Ou mesmo uma exposição!”.

Professor repórter

Rosimeire Reis Ribeiro da Costa (professora de português por formação, mas alfabetizadora por opção, como se define) ministrou a oficina O jornal na sala de aula com o objetivo de mostrar atividades possíveis com o jornal impresso para realizar junto aos alunos. “Eu sempre acreditei que o jornal é um suporte plural de gêneros textuais e que passa pela sociedade. O professor tem um papel de mediador para tornar esse suporte atraente e formar na criança um leitor”, ela explica.

Os professores tiveram a chance de expressar as opiniões e conhecimentos prévios que tinham sobre o assunto, além de refletir e explorar os jornais que Rosimeire levou para a sala. Para ela, o professor tem que sair do lugar de leitor e passar para o lugar de educador. Levando o jornal para os alunos, o professor tem a chance não só de formar leitores, mas também formadores de opinião. “Quando você conta a notícia para a criança, você acaba passando uma opinião sua pelo jeito de contar. Quando você deixa ela ler, também dá a chance dela fazer suas próprias reflexões”.

Rosimeire, que trabalha nas redes municipal e estadual e faz parte da equipe de formadores de professores do Ceale, apontou algumas atividades para se usar o jornal em sala de aula, e mostrou que várias áreas de conhecimento podem ser trabalhadas através dessa prática, como a alfabetização e o letramento. Uma boa ideia é abusar dos cadernos infantis que muitos jornais possuem.

A professora Maria Cleuza, de Vespasiano – MG, se interessou pela oficina desde o primeiro momento para conhecer mais sobre o uso do jornal em sala de aula: “Muitas vezes a gente se preocupa com outros tipos de texto, mas esquece do jornal”. Já Marli, de Florestal – MG, pensou que a oficina também ajudaria nas aulas com as turmas mais velhas com quem trabalha. Sobre o evento como um todo, Marli o considerou um pouco longo, mas acredita que trouxe questionamentos muito válidos que os professores também têm em seu dia-a-dia.