Encontro de linguagens

Ceale Debate do mês de maio discutiu como aliar o apredizado da matemática ao desenvolvimento das linguagens


     

Acontece • Terça-feira, 09 de Junho de 2015, 16:11:00

Por Poliana Moreira

Alice é uma criança de oito anos que um dia resolveu brincar de ensinar Matemática para suas bonecas. No meio de sua aula, surge o questionamento sobre o que é Matemática, e a menina recorre ao dicionário para sanar a dúvida. Mas se questiona ao se deparar com a definição de que Matemática é uma ciência.  Então, Alice propõem sua própria definição: ''Matemática é uma ciência que usa números, +, -, x, ÷ e figuras.'' Com essa breve história, a professora Eliane Scheid Gazire começou o Ceale Debate de maio, trazendo uma reflexão sobre o que é a Matemática.

A palestrante é professora titular da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e coordenadora-adjunta do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa na UFMG, sendo responsável pela área de Matemática. A palestra, que ocorreu no dia 27 de maio, teve como tema "As linguagens e a Matemática no ciclo de alfabetização" e discutiu as diferentes linguagens envolvidas no processo de aquisição de conhecimentos matemáticos na infância.

Em sua fala, Eliane frisou que, ''até por volta dos dez, onze anos, todas as experiências [das crianças] com o aprender estão relacionadas com a questão corporal'' e ressaltou a importância de saber quais são as linguagens próprias da Matemática e como elas podem se comunicar com a linguagem das crianças. Outro ponto relevante levantando pela professora foi o de que a Matemática e a língua materna não podem ser trabalhadas de maneira isolada. E ainda atentou para a falta de valorização do material linguístico que a criança leva para a sala de aula.

Eliane destacou a importância de desenvolver a oralidade e outras linguagens na Educação Infantil e como esse processo ajuda a consolidar o aprendizado, já que, ''quanto mais oportunidade o aluno tiver para falar, escrever, desenhar , compartilhar sentidos e refletir sobre sua ação e a dos colegas, mais forte será a apreensão do significado do que está sendo trabalhado.'' Outro ponto destacado foi como a problematização coloca situações que levam as crianças a serem desafiadas, o que acaba por expandir suas formas de comunicação, já que isso auxilia na organização do pensamento. Como proposta para o ensino de Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental, Eliane apontou o uso dos jogos e das brincadeiras como ótima ferramenta para estabelecer conexão com o cotidiano matemático, ainda e entre as demais áreas do conhecimento e a Matemática, o que pode culminar na matematização das ações pelo aluno. 

Para finalizar, Eliane destacou a importância de um planejamento prévio feito pelo professor para que todo esse trabalho alcance seus objetivos. Ela explica o que é  a sequência didática e mostra como essa forma de organização pode favorecer o trabalho pedagógico e deixar bem definido o caminho que aquele trabalho deve percorrer para alcançar seus objetivos. ‘’Isso tudo que nós falamos aqui só acontece se você organiza como você vai fazer o seu trabalho. Como que eu vou passo a passo fazer isso favorece a construção de um trabalho organizado que sai de um lugar para chega no outro. Se não fica o brincar pelo brincar.’’ finaliza Eliane.

Confira aqui o vídeo da palestra, seguida de debate: