Livros didáticos, Estado, autores e editoras

Relações entre fatores da produção de livros didáticos foram tema de discussão no último dia do II SIEHLE


     

Acontece • Quinta-feira, 25 de Julho de 2013, 11:28:00

"Métodos e Material Didático para o Ensino de Leitura e Escrita, Ações do Estado e Movimento Editorial". Esse foi o tema da última mesa redonda do II SIHELE, realizada na sexta-feira (12). Os expositores que participaram da mesa foram: Kasumi Munakata, professor da PUC-SP; Isabel Cristina Alves da Silva Frade, pesquisadora do Ceale/UFMG; e Márcia De Paula Gregório Razzini, pós-doutora pela UNICAMP, USP e PUC-SP.

Quem começou falando foi Kasumi, que apresentou o esforço estatal para a legislação sobre os livros durante o período imperial no Brasil. Para o pesquisador, não é possível fazer uma história da educação apenas com leis. Kasumi explicou que os livros são feitos por muitas pessoas e as leis são apenas "janelas abertas para histórias reais".

Isabel destacou a importância de se fazer uma genealogia dos livros didáticos. Pensando nisso, ela buscou articular a relação entre alguns autores e autoras de cartilhas (que produziram entre 1894 e 1984) e fatores como o Estado, a edição e as práticas pedagógicas da época. Muitos desses autores trabalhavam em cargos ligados ao governo, como professores ou diretores de escolas públicas. Isabel apontou também um fato que acontecia naquele período e se estende até os dias atuais: os livros didáticos melhor avaliados dificilmente são solicitados pelos professores.

Márcia, a última expositora, relacionou a história da alfabetização no Brasil com a produção de três editoras: Melhoramentos, Francisco Alves e Tipografia Siqueira. Um ponto interessante apontado foi o fato de que o número de classes nos grupos escolares de São Paulo, em 1918, diminuía com o avanço na alfabetização. Por exemplo, enquanto existiam 954 turmas de 1º ano, o número caía para 285 no 4º ano. Consequentemente, diminuía também a tiragem de livros didáticos destinados a esse ano.

Autor em pauta

Quem coordenou o debate foi Estela Natalina Mantovani Bertoletti, professora da UEMS. Ela levantou alguns questionamentos e pessoas da plateia também participaram com perguntas. Os direitos autorais foram um dos assuntos discutidos. Segundo Isabel, esse é um questionamento que já estava presente no início do século XX. Kasumi completou dizendo que atualmente há um novo padrão de contrato para autores, onde eles praticamente têm que abrir mão dos direitos autorais. "Os autores estão morrendo, inclusive dos livros didáticos", afirmou o professor