Comunicar é educar | parte 4


     

Letra A • Quinta-feira, 17 de Outubro de 2019, 15:49:00

 
O que vem pela frente
 
Por ser um campo que busca expandir seu espaço e sua visibilidade, já é possível encontrar formação específica em educomunicação em cursos de graduação e pós-graduação ofertados em universidades pelo país, a fim de formar novos professores, pesquisadores e profissionais para o mercado de trabalho. Além disso, um dos objetivos é a ampliação e a disseminação desse conhecimento, dentro e fora do ambiente acadêmico. Essa mudança progressiva na área, apesar disso, ainda não alcança a maioria das universidades, pois somente uma universidade pública oferta o curso de graduação no país, além de outros cursos de pós-graduação existentes. 
 
O incentivo à propagação da área também se encontra na legislação. Em São Paulo, em 2005, foi regulamentada a Lei nº 13.941, que regulariza o Programa Educom - Educomunicação pelas ondas do rádio. O projeto, direcionado a escolas municipais de Ensino Fundamental da cidade, abrange alunos, professores e membros da comunidade escolar, com o objetivo de abordar conceitos e práticas do universo do rádio em sala de aula. Isso com finalidade de melhorar o convívio entre todos no ambiente escolar, estimular o pensamento crítico e social dos alunos, introduzir e debater temáticas estudadas em sala de aula e combater a evasão escolar causada pela violência que afasta crianças e jovens do ensino. Além disso, leis como essa têm como propósito garantir que crianças e jovens possam ter acesso a formas diferentes de ensino que possivelmente não teriam contato em outras situações. Assim, a proposição desses projetos expande a presença da educomunicação para além daquilo que é aplicado em salas de aulas, tornando a educomunicação, ainda que de forma tímida e pouco explorada, um tema pautado pelas políticas públicas.
 
As dúvidas e as dificuldades, inevitavelmente, vão surgir ao longo do crescimento do campo da educomunicação, assim como acontece em qualquer área que está se desenvolvendo. O medo em relação à utilização de novas tecnologias no ambiente escolar é uma dessas adversidades que sempre vem à tona, principalmente quando esse uso é feito de forma excessiva, podendo prejudicar a visão e a saúde dos alunos. Outro ponto debatido é a forma como esses meios de comunicação podem auxiliar os alunos: tablets, celulares e computadores podem ser considerados dispositivos com uma infinidade de funcionalidades e, com isso, alguns limites e controles devem ser estabelecidos pelo professor. Notar esses fatores antes do uso prático de determinado aparelho pode auxiliar no desenvolvimento de atividades e projetos, a fim de conseguir aproveitar ao máximo o que essas ferramentas têm a oferecer. 
 
No entanto, apesar desses obstáculos, a adoção dessas medidas, seja pela legislação, por incentivo de projetos voluntários e sociais ou pela criação de cursos específicos, encaminha a educomunicação para um desenvolvimento em conjunto com a sociedade, além de se alinhar com as mudanças que atingem os meios de comunicação e a educação. Incorporar-se a planos de ensino, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), também é um dos pontos discutidos em relação ao desenvolvimento da educomunicação no Brasil. A BNCC, de acordo com Claudemir, não trata especificamente da educomunicação, mas cita cerca de 80 vezes a comunicação dentro do ambiente educativo. “Não cabe à BNCC dizer como o professor pode fazer isso, pois é o resultado do sistema educativo e cabe a cada rede ou a cada escola construir isso, com seus planos pedagógicos e seus currículos, apoiados nessa diretriz geral da BNCC”, cita o pesquisador, que compreende este desenvolvimento da educomunicação como uma construção conjunta entre os sistemas de ensino.
 

Continue lendo:

Parte 1 -  Comunicar é educar

Parte 2 - Desenvolvimento da área

Parte 3 - Educomunicação no contexto da alfabetização e letramento